Mateus estava em Roma, dentro do Coliseu, e não tinha um bloco de papel, nem uma folha qualquer. Até mesmo sua caneta era uma droga, mas ele queria escrever seus pensamentos, registrar os causos pelos quais havia passado durante o dia e que agora podia lembrar sem fazer força. Então, o que ele podia fazer?
Não escreveu seu espanto diante do colosso que é o Colosseo. Não escreveu que esteve perdido dentro de suas ruínas durante uns quinze minutos antes de achar o caminho certo. Não escreveu que teve enormes dificuldades para tirar uma foto, que no final ficou mais ou menos, na Fontana di Trevi. Não mencionou sua alegria ao encontrar dois casais de brasileiros meio bêbados atirando moedas na fonte por sobre os ombros. Não deixou uma nota o guardanapo para a bela garçonete do restaurante do Corso Vittorio Emanuelle II. Gisele era o nome dela, e os gaúchos tiveram ali alguns momentos de saudosismo do pampa. Também não escreveu que continuou sem falar português com outro grupo de brasileiros que cruzou seu caminho no Foro Romano. Não anotou nada sobre Jordi e Judit, o simpático casal de espanhóis que conheceu no Ciao Bella, o albergue onde esteve no final de semana.
Nem mesmo um rabisco foi feito para contar sua perplexidade diante dos tesouros do Musei Vaticani e da Basilica di San Pietro. Nem que se a Capela Sistina fosse privada de suas pinturas não passaria de um grande e quente galpão de médias dimensões. Nem que a Piazza San Pietro dá arrepios só de olhar pra ela. Ou sobre as filas que davam a volta na elipse dessa praça arquitetada por Bernini.
Não registrou seu pensamento bobo sobre como o Castello di Sant’Angelo parecia com um grande cortiço, quando visto de perfil. E como isso o remeteu as aulas de português na “Sorbonne” dos técnicos do Rio Grande, onde foram forçados a ler O Cortiço.
Ou mesmo sobre os 39°C que encontrou a sombra enquanto caminhava pelas ruas estreitas da cidade. Ou sobre os 10€ no café da manhã para comer um misto quente com um copo de suco de laranja. Nenhuma palavrinha sobre o senhor dos fantoches da Piazza Navona, isso que ele era realmente muito bom! Se ainda fossem anotações sobre o Campo de Fiori, que de flor não tinha nenhuma, ou a Navona que merecia umas palavras sobre suas fontes e artistas de rua.
Naquele momento ele não escreveu nada, mas mandou um e-mail para seu amigo Ramon registrar seus pensamento no blog. Mateus decidiu que a partir de agora escreveria em todas as suas viagens Levaria consigo um bloquinho e uma boa caneta para que onde sentasse para descansar um pouco, pudesse tomar nota do que havia acontecido e o que ele via ao seu redor.
Texto enviado pelo amigo Mateus H., diretamente do velho continente.
Grande abraço, meu amigo! Obrigado pela contribuição, pela experiência e por fazer parte desse blog.
PASSO O PONTO
Há 4 anos
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