Oh vida...
Oh vida cruel!
Arrependimento é um sentimento muito ruim. Eu geralmente não me arrependo das minhas atitudes. Assumo meus erros, mas evito me arrepender. Arrependimento é uma tristeza consigo mesmo, difícil de esquecer. A vida muitas vezes nos dá oportunidades e não aproveitá-las me causa arrependimento.
Era uma vez uma guria muito linda sentada no trem, lendo calmamente seu livro. Eu não conseguia tirar os olhos dela. Ela me encantou com sua beleza e seu jeitinho intelectual. Volta e meia ela tirava os olhos do livro e olhava para mim. Será que rolou um clima? Talvez. Mas como chegar? O que fazer? Preciso fazer algo!
Estação São Leopoldo, última parada. Eu me levanto para sair, e ela deixa cair o livro, bem na minha frente. Eu junto para ela.
- Opa, isto é seu.
- Ah, muito obrigada!
E agora? E agora? Ela se vira e sai do trem... O que eu faço? Nervosismo. Mas sabe-se lá quando eu vou ver ela de novo... preciso aproveitar essa oportunidade. Ela me daria o seu número? Acho que não. Vou na base da confiança então. Arranco um pedaço de papel do meu caderno, escrevo meu número e corro atrás dela.
- Com licença, como é seu nome?
- Jéssica, e o seu?
- Ramon. Olha, sei que é meio estranho conhecer alguém no trem, assim, do nada, mas eu te achei muito interessante. Toma aqui meu número! Me dá um toque que eu te ligo.
- Ah, OK.
- Eu vou pra lá.
- Eu vou pra cá.
- Então tchau.
Que vergonha. Fui idiota, fiz errado? Talvez. É amigos... ela não deu o toque. Mesmo assim, aquela guria não me saiu da cabeça. Pelo menos eu tentei.
Uma semana e meia depois, chego no centro de Porto Alegre. Estava dormindo no ônibus e acordei de supetão. Na rua, muita chuva. Abro meu guarda-chuva e me encaminho para a parada, para pegar outro ônibus para casa. De repente, olho para o lado e vejo ELA. Sim, a mesma garota, com o mesmo livro, "Nunca é Tarde Demais". Ela ia para um lado, eu estava indo para o outro. Foi tudo tão rápido e eu só consegui dizer:
- Oi.
- Hã?
O que eu faço? Vou atrás? Digo: beijomiliga? Mas ela se foi. Não consegui pensar e quando eu vi ela já havia sumido entre as pessoas, e meu ônibus estava ali parado. Embarquei e me arrependi. Tive outra oportunidade e ela passou. Literalmente.
Eu tenho o pensamento positivo e eu vou encontrá-la novamente. Afinal, "Nunca é Tarde Demais" é um livro que fala sobre encontros e desencontros que permanecem cheios de esperança.
Amor platônico. Vida cruel.
2 comentários:
boa! nunca é tarde demais
only unfullfilled love can be romantic
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